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Artigos e publicações

Ambição – benefício ou armadilha

Sobre a ambição como benefício, para o indivíduo e para a comunidade, não é preciso dizer muito.

A ambição, como fonte de energia, força motora do desenvolvimento e do progresso, é a característica mais
importante da civilização ocidental.

Cada estrada, cada edifício, cada máquina e cada organização falam da ambição de um ou vários
empreendedores, inventores, líderes e políticos.

Europeus e norte-americanos foram essencialmente ambiciosos através de toda sua História.

A contemplação, uma atitude oposta à ambição, é uma herança oriental, relegada no Ocidente à religião, à filosofia e às artes. Tradicionalmente, no ambiente europeu, a contemplação cabe ao sábio, enquanto o indivíduo de sucesso prático deve ser ambicioso. O modelo do norte-americano bem sucedido é o "achieving man", o homem realizador.

Ambição, determinação e perseverança são as tendências que estão atrás de todos os grandes empreendimentos particulares ou públicos. Só em segundo lugar vem o discernimento e o senso comunitário. Todavia, sem a ambição o mundo não teria cidades, mecanismos de toda espécie, nem unidades sócio-políticas.

A inteligência é responsável pela qualidade de tudo que se faz, a emoção torna a vida digna de ser vivida, mas a ambição é a causa de toda dinâmica e de toda criação do bem.

Infelizmente, aqui não acaba a história daquele elemento benéfico. A ambição é como o combustível: bem canalizado, faz motores funcionar; mas, dissipado pelo ar, pode se incendiar, explodir e causar danos imensos.

Existem movimentos sociais que começaram mansamente e levaram a explosões. Assim, o movimento protestante de Martin Luther visava apenas a introdução de um culto religioso mais simples e natural e acabou numa guerra de trinta anos, arrastando toda a Europa.

Aliás, todas as guerras começam com justificativas racionais, estratégias, cálculos e previsões e acabam em desordem e explosões não somente de bombas, e sim do esquema inteiro. A guerra é a demonstração explícita da ambição como armadilha.

Todavia, a ambição pode ser nefasta sem ser marcial. Assim, uma das formas mais devastadoras da ambição é a vaidade, a ânsia de aparecer, de atrair, de ser aplaudido, querido, apreciado, preferido, lembrado.

A vaidade pode se expressar de várias maneiras, tais como egofilia, egomania, egocentrismo, exibicionismo, megalomania, etc. Todas essas aberrações parecem pacíficas, mas não o são inteiramente. Estimulam a politicagem pessoal, a lisonja e a hipocrisia.

Assim surge o funcionário que faz carreira através da insinceridade em vez do esforço.

Enquanto nos ambientes sociais as vaidades femininas e masculinas levam apenas a gastos desnecessários em cosméticos, joias, cirurgias plásticas, carros de luxo, etc., em ambientes empresariais a vaidade é como um germe que ataca o comportamento, especialmente dos executivos.

Sob o impacto desta falsa ambição, confundem sua importância pessoal com os objetivos corporativos e fazem dos seus subordinados marionetes que se preocupam mais em agradar o superior do que em produzir algo de útil.

Outra expressão da ambição fútil é o exercício físico exagerado, causado pela vontade de se parecer mais jovem, mais forte, mais elegante. Já levou muitos portadores de saúde perfeita à morte tão súbita quanto inesperada.

Enquanto a vaidade, apesar de toda sua nocividade, é uma forma relativamente branda de ambição, o contrário deve ser dito sobre as manifestações criminosas da ambição. Não corresponde ao conceito convencional e contemporâneo associar o crime à ambição.

Geralmente, procura-se o motivo da ação criminosa em estados de necessidade e privação ou numa constituição patológica. Entretanto, a maioria dos atos de apropriação indevida, violentos ou não, pode ser compreendida como expressão genuína de ambição de posse ou status, privada de qualquer capacidade de alcançar objetivos legalmente.

Um arrombador de cofres não pode esperar alcançar valores comparáveis à sua arrecadação através da aplicação legítima da sua habilidade. Para ganhar no comércio o que se obtém num roubo, precisa-se de conhecimentos, de esforço, de disciplina e de paciência.

Quem tem tudo isto? Não é de admirar que na nossa sociedade existam inúmeros indivíduos desejosos de riqueza e posição social, mas carecendo das condições culturais para adquirir tais benefícios honestamente. Esta é talvez a classe criminosa mais abrangente de todas.

Existe na pedagogia e jurisprudência modernas uma tendência de considerar tais ambiciosos malévolos apenas como vítimas de uma sociedade que não lhes forneceu meios legais de subsistência.

Há toque de sentimentalismo exagerado nesta atitude.

O terrorista suicida certamente é portador de uma cultura, de uma religião e de um patriotismo sui generis, mas o motivo decisivo da sua ação mortífera é a ambição patológica, a expectativa de usufruir os prêmios da sua ação numa eternidade paradisíaca.

O remédio para a ambição perigosa e patológica é naturalmente a educação.

Todo indivíduo deve assimilar os conhecimentos e desenvolver os talentos necessários para realizar suas ambições.

E aqueles cujos sonhos são irrealizáveis devem aprender a abandoná-los e viver contentemente com aquilo que está ao seu alcance. Ambições benéficas são aquelas que se prendem à razão e à realidade.

A.H. Fuerstenthal

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